É possível ser imortal?

Olá, pessoal! Hoje vou falar sobre a possibilidade de prolongar a vida humana e alcançar a tão sonhada imortalidade. Para isso, vamos nos inspirar nos trabalhos de alguns dos principais cientistas da área, como David Sinclair, da Harvard Medical School e do Paul Glenn Institute, e o Dr. Steve Horvath, de Stanford.

Antes de mais nada, vamos entender o que é epigenética. De forma simples, a epigenética é a ciência que estuda as mudanças que ocorrem na expressão dos nossos genes, sem alterar a sequência do DNA. Segundo Sinclair, o envelhecimento é causado pela perda de informação epigenética, ou seja, a perda do software que regula nossos genes. Isso foi demonstrado em vários estudos, como o de Ocampo et al. (2016), que mostrou que a reprogramação epigenética pode reverter o envelhecimento celular.

Além disso, estudos recentes indicam que o envelhecimento deveria ser considerado uma doença, pois várias doenças conhecidas têm origem no processo de envelhecimento. Por exemplo, o estudo de López-Otín et al. (2013) identificou nove processos biológicos que contribuem para o envelhecimento e para o surgimento de doenças relacionadas à idade.

Mas como prolongar a vida e retardar o envelhecimento? Um dos conceitos-chave é a hormesis, que é a capacidade do corpo humano de se adaptar a pequenas doses de estresse e de se tornar mais forte em resposta a esses estímulos. Esse conceito foi demonstrado em vários estudos, como o de Mattson (2008), que mostrou que o jejum intermitente pode melhorar a saúde do cérebro e prolongar a vida em animais.

Para alcançar a hormesis, podemos adotar várias práticas, como o consumo de suplementos e drogas específicas. Um exemplo é a metformina, uma droga usada para tratar diabetes, que vem sendo estudada como um possível agente anti-envelhecimento. Isso foi demonstrado em vários estudos, como o de Barzilai et al. (2016), que mostrou que a metformina pode prolongar a vida em ratos.

Outras práticas que podem ajudar a alcançar a hormesis incluem o aterramento e o contato com a natureza, o exercício físico, o sono adequado e o jejum, como mencionado anteriormente. Essas práticas foram demonstradas em vários estudos, como o de Li et al. (2018), que mostrou que o exercício físico pode prolongar a vida em ratos. Mas será que é possível reverter o envelhecimento em mamíferos? Sim, é possível! Um dos estudos mais recentes nesse sentido foi publicado na revista Cell, em 2020, e mostrou que a perda de informação epigenética é uma das principais causas do envelhecimento em mamíferos. Esse estudo, liderado por Peter Rugg-Gunn, usou uma técnica chamada ACE (acrônimo de "Analogous Cellular Reprogramming"), que reverteu a idade de células de camundongos em cerca de 40%. O estudo mostrou que a reprogramação celular pode reverter o envelhecimento em mamíferos e abrir caminhos para a criação de terapias anti-envelhecimento.

E o que os estudos em humanos mostram? Atualmente, existem vários estudos em andamento com o objetivo de prolongar a vida humana e manter a saúde por mais tempo. Um exemplo é o estudo TAME (acrônimo de "Targeting Aging with Metformin"), liderado pelo Dr. Nir Barzilai, que está testando a metformina em idosos saudáveis para ver se a droga pode prolongar a vida e prevenir doenças relacionadas à idade. Outros estudos estão testando outras drogas, como rapamicina e senolíticos, que também têm potencial para prolongar a vida e retardar o envelhecimento.

Por fim, é importante ressaltar que a ideia de imortalidade ainda é um conceito distante e que enfrenta muitos desafios éticos e científicos. No entanto, os avanços da ciência e da tecnologia nos mostram que é possível prolongar a vida e manter a saúde por mais tempo, e que as pessoas que ultrapassarão os 150 anos já podem estar entre nós. Como disse o filósofo Lucius Annaeus Seneca, "Não é que tenhamos pouco tempo, é que perdemos muito. A vida é longa o suficiente e foi dada em quantidade suficiente para que possamos realizar o que dela quisermos."